segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Olha, nós aqui novamente... Por uns problemas tivemos que parar um pouco de postar aqui... Mas já estamos de volta!!!

Em nossa ultima postagem paramos na apresentação do Guarujá... então...
Nesse mesmo dia, depois de algumas ligações, descobrimos que a cunhada do Léo estava naquela praia, imediatamente ligamos pra ela para que pudesse nos ajudar a livrarmo-nos de mais uma parte da nossa bagagem.
Logo após a apresentação, a Vivian (a cunhada) nos levou até o Ap. que a família dela estava hospedada, chegando lá nos deu de comer (uma refeição quase de reis), deixou que tomássemos banho e que descarregássemos os vídeos da câmera e gravássemos em DVD, ainda se comprometeu a levar os DVD's nos Correios no dia seguinte.
Não pudemos dormir lá porque o Ap. era alugado, mas de qualquer forma, até então havia sido a pessoa que mais tinha nos ajudado.
No mesmo dia, seguimos em direção a praia do Perequê, chegamos às quatro e meia da manhã e o ônibus só sairia às 6:30, ou seja, ficamos um bom tempo lá, tentando descansar, digo tentando, pois, acredito que por ter uma densa mata ao lado, os mosquitos e pernilongos eram quase “máquinas mortíferas” e foi quase que impossível descansar e de lá pegamos o ônibus até a balsa para Bertioga.


O pé começava a incomodar e qualquer caminhada estafava por completo, estávamos a ponto de uma desistência quando resolvemos uma coisa nova, chegaríamos até Ubatuba de ônibus, onde poderíamos descansar na casa de uma amiga da família do Léo, A Mira e seu marido Valdir.
E assim o fizemos logo depois de algumas apresentações ali pelos quiosques.
Fomos muito bem recebidos, casa, comida e roupa lavada (nós lavamos as roupas...), decidimos entre nós mesmos que apresentaríamos novamente em Ubatuba no dia seguinte, aproveitamos o fim do dia para descansar, cuidar dos ferimentos e conhecer uma praia quase que deserta ali por perto.
Decidimos que voltaríamos em direção ao Sul ou interior, pois as praias a cima eram de classes mais elevadas e acreditamos que as pessoas mais humildes ajudem mais.
Passaríamos novamente por algumas cidades, mas apresentaríamos em lugares que não apresentamos ainda. E assim passamos nosso Natal... Longe de tudo que poderíamos chamar de familiar...
Feliz Natal...
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Assim que acordamos fomos para o centro de Ubatuba, apresentamos novamente em dois quiosques, a primeira apresentação desse dia foi recompensadora!
Partimos para Caraguatatuba e, chegando lá, compramos um Kit farmacêutico, tudo para cuidar dos nossos pés; apresentamos numa feirinha com pouquíssima gente, mas apresentação também foi ótima, começamos a descobrir como se atrai público e como se faz com que ele (o público) fique mais interessado no espetáculo. Foi a primeira apresentação que tivemos alguém da platéia interagindo diretamente com o espetáculo, um rapaz (bêbado) literalmente "entrou no meio da peça" e queria fazer tudo o que fazíamos, acreditamos que o resultado disso foi ainda mais público.

Ao término da apresentação conhecemos um outro rapaz que nos ajudou muito, o Renan Pangrácio (e foi o primeiro que não quis ser filmado), além de dar uma boa quantia para o chapéu, se ofereceu pra comprar algo pra gente comer, pedimos para que gastasse o dinheiro que já havia nos dado, mas mesmo assim, ele nos comprou uma pizza! Preciso dizer que ao menos pra mim, esse foi um dos melhores encontros que tivemos, um jovem com coração gigante que percebemos que não ajudava apenas a nós dois (eu e Vinícius) e sim, a qualquer pessoa que precisasse. Mas, acreditamos em uma coisa: Ele havia nos dito que jogava bola e que estava desempregado já, mas admirava nosso trabalho, pois sabia a dificuldade que era pelo fato de já ter ido pra uma cidade do interior por trabalho e não ter dado muito certo fazendo com que ele dormisse na rua durante um mês nas piores condições possíveis, portanto, pensamos que as pessoas ajudam somente quando sabem da dificuldade que é passar por situações difíceis.

Nesse dia acampamos num gramado ali por perto, enfrentando nuvens de mosquitos e ainda pior que isso, um grupo de jovens que passava ali por perto que pretendiam "zoar" nossa barraca de algum jeito, enquanto escutávamos a conversa deles, chegamos a ouvir até que um deles queria botar fogo na barraca, mas outro disse que não permitiria isso, pois um dia ele também pode precisar dormir na rua e que além de tudo, admirava a coragem (gente ruim existe, mas também existe muita gente boa!).

Durante a noite o Vinícius dormiu de mau jeito, quando acordamos, ele estava com uma dor horrível nas costas, mal conseguindo carregar a bolsa, então tivemos que tornar a pegar ônibus (mal tínhamos dinheiro pra comida, mas como estava muito difícil de conseguir carona, foi um gasto necessário.)
Pegamos vários circulares até chegar em Boracéia, onde não encontramos público algum em nenhum lugar.
Tínhamos apenas 2 reais e 20 centavos e precisávamos de 4 reais para chegar até Bertioga.
Foi a fase mais triste da viagem até então, sem público, à 30 quilômetros de Bertioga e 15, de Caraguatatuba, não podíamos andar e o tempo que pedimos carona foi em vão; então precisamos fazer o que nunca pensamos que fosse necessário... esmolar.
Encontramos um posto e expliquei a situação para um pessoal que abastecia o carro, logo que terminamos a história, nos deram 2 reais e assim juntamos dinheiro suficiente pra chegar em Bertioga.
Em Bertioga, nosso humor estava tão pesado quanto as mochilas, depois de muito pensar e conversar, apresentamos em uma das praças mais movimentadas e tiramos dinheiro suficiente para voltar para o Guarujá e comprar alguma coisa pra comer.
Chegamos ao Perequê de Guarujá encontramos mais duas pessoas legais... o Felipe e o Miller que nos viram e foram conversar conosco do nada, conversamos sobre muitas coisas, inclusive o fato de o Felipe também querer viajar de muchileiro.
Ao pegar o onibus para o centro de guarujá, ficamos lendo nossos livros e encontrei uma frase legal e quis dividí-la com o Léo, ao falar sobre como era importante fixarmos frases de impacto, uma senhora do meu lado disse que o unico livro importante mesmo era a bíblia... assim conhecemos a irmã Marta (que não quis ser filmada) e ela nos disse:
"Tudo que aprovado na Terra é aprovado no céu, porque Deus ele é tão perfeito que ele criou o homem, então nós somos a imagem e semelhança Dele e tudo que nós desejamos muito, do nosso coração, então Deus faz, porque Ele nos ama."

Chegando no Guarujá, como precisávamos muito de dinheiro, resolvemos apresentar lá novamente, já era bem tarde, mas mesmo assim, foram ótimas apresentações, e agora sim tínhamos algum dinheiro sobrando. Conhecemos também o Marcos que travalhava lá fazendo Henna e que disse que gostou muito da apresentação e que também tinha contato com artes circenses pois fazia pirofagia e perna de pau.

Passeamos um pouco pela praia e conhecemos um casal de amigos, passamos boa parte da noite com eles, com direito a banho noturno no mar e tudo, logo que eles foram embora, tiramos mais um cochilo na mesma praça e com o amanhecer, partimos pra Santos (com os pés machucados, bolhas gigantes, torcicolos e assaduras... Mas com o coração ainda cheio de esperança).

Sofrer faz parte, mas até então, tudo tem sido compensador!
Chegamos a Santos, tomamos um banho em um daqueles chuveiros que ficam na orla da praia e fomos até o centro. No centro paramos para descansar em um banco e de repende... Uma tempestade que apareceu sem dar nenhum aviso.
Sem termos o que fazer, resolvemos ir até o encontro dos nossos amigos que conhecemos de Santos, pois eles estavam trabalhando naquela festa que recusamos trabalhar na primeira vez que viemos. Andamos algumas horas até chegarmos à festa. Festa que não preciso citar, pois foi no mínimo, mais exaustivo ainda. Pois era uma matinê, ou seja, festa para menores de 18 anos... Foi um tanto quanto assustador estar lá, uma porque nos sentíamos velhos demais em relação às pessoas que estavam lá, outra que, a maioria eram crianças querendo ser adultos, foi um tanto quanto decepcionante ver algumas cenas.  Saímos da festa e como a chuva não parava. Decidimos ir até um corpo de bombeiros para ver se a informação que os bombeiros poderiam nos acolher era fato... porém... “a informação não confere” disse o cara que nos atendeu. Tudo bem... continuamos na chuva até acharmos algo que me parecia ser um prédio recentemente abandonado com uma coberturazinha e lá deitamos no chão encostados na porta e assim passamos a noite (surgindo daí a piada: “Somos mendigos, mas cultos e limpinhos”).
Acordamos às 6 horas da manha e... Chega de dor. Fomos de ônibus até a Praia Grande, onde meus pais têm um apartamento lá, para podermos descansar e se recuperar dos machucados. Minha mãe ligou para o zelador (Valdomiro) e sua esposa (Neide) e pediu somente para que nos entregasse a chave reserva que fica com eles e que nos amparasse. Foi o que bastou para que descobríssemos, talvez, as pessoas mais incríveis que já conheci. Deram-nos comida pronta, comida para fazer, lavaram nossas roupas, lençóis para descansarmos no apartamento e até (mesmo recusando) dinheiro para irmos tomar um sorvete!

E assim... "Vamos que vamos"...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Tentativas Desesperadas de se conseguir uma CARONA!!!

Pedir carona, talvez por ser uma prática incomum, não é tão facil assim, como se pensa!!!
Neste vídeo, estávamos andando a algumas horas já, saindo de Porto Feliz e indo até Itu... Ninguém parava e nós... andávamos!!! Até que achamos uma sombra e... como sempre que estamos sem motivação nenhuma, nós... nos divertíamos!!!


Editado por Vínicius Magueta e Eduardo Magueta


Espero que tenham gostamos!!!
Daqui a alguns dias... mais postagens e semana que vem... Mais vídeos divertidos!!!

Até

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

E a viagem continua...




Saímos de Santos ainda estava escuro, fomos andando e pedindo carona indo em direção ao Guarujá, resumo, andamos mais de 12 quilômetros sem conseguir carona, chegando lá começamos a nos livrar de coisas, vendemos os colchões infláveis, pois as mochilas estavam muito pesadas. Quando vendemos nossos colchões, refletimos bastante sobre se desapegar de certas coisas, uma coisa era certa, fazendo isso viveríamos mais desconfortáveis em nossos momentos de descanso, porém, estaríamos bem mais confortáveis enquanto trilhávamos nossos caminhos e como andamos mais do que descansamos, decidimos por vender mesmo. Algo aconteceu enquanto vendíamos os colchões. Contamos nosso projeto à mulher que nos comprou os colchões e ela, como outras pessoas que souberam do nosso projeto, se preocupou com agente em relação aos perigos dos lugares e disse para nos preocuparmos um pouco mais no Guarujá, pois, segundo ela, havia uma maior quantidade de “criminosos” no Guarujá do que em qualquer outro lugar, usou até um exemplo de um assassinato que havia acontecido uns dias antes por ali devido a um assalto por causa de uma câmera fotográfica. Conclusão: ficamos com um pouco de medo, um medo que até então não tínhamos tipo.

Seguimos em frente preocupados, mas, um pouco mais confortáveis para o centro e lá,  passamos pela Praia do Tombo e também por Astúrias, chegando em Pitangueiras tiramos um cochilo de algumas horas numa praça qualquer, estávamos morrendo de medo, por isso, procuramos uma praça bem movimentada para descansar, mas até o cair da noite, percebemos que era bobagem termos medo (se estamos procurando gente boa, não podemos temer encontrar gente ruim). Percebemos que o medo que aquela senhora nos passou era igual à preocupação que a maioria das pessoas tem, e, devido a isso, nos acalmamos, pois no Guarujá existem tantas pessoas boas e lugares belos como qualquer outro lugar, inclusive os habitantes de lá (os que moram mesmo e não os turistas) são muito gentis e receptivos, foi muito bom apresentar lá! O espetáculo daquela noite foi maravilhoso, o público era ótimo e o dinheiro finalmente veio de uma forma mais confortável.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pense

- Vi, você anda muito triste... Animo... Você sempre diz que a vida é feita de referências e trocas...
- Mas é mesmo! Veja bem, quando pequenos temos nossos pais, irmãos, primos, etc... Então entramos na escola e logo nos identificamos com alguém e nos tornamos melhores amigos. Trocamos nosso relacionamento familiar com esse melhor amigo. Até conhecermos aquela que será a menina mais perfeita e a mais bonita que conhecemos. Nosso melhor amigo acaba de ser trocado por uma namorada... e ai... depois... é...
- E aí, o que?
- E aí, não sei, Leo... Eu tenho muito o que viver ainda... (risos)
- Então, falando de trocas, eu li em um jornal interno de uma empresa um texto do poeta Pablo Neruda. Preste atenção que você trocará este baixo astral por um bom sorriso e voltade de seguir.

Quem Morre?

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca. Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Reflexão: Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade.

Saibam apreciar as pequenas e boas coisas da vida!!!



Enfim, só para refletir...
Daqui dois dias teremos mais uma postagem sobre nossos caminhos...
Aguardem!!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010






Depois de quatro ou cinco dias, talvez menos, talvez mais, já perdemos a noção do tempo, porém, foi apenas do tempo que perdemos a noção, em relação à amizade, vocês é que não tem noção do quanto esses poucos dias representam para dois palhaços que já estiveram super entusiasmados, já caímos, pensamos em desistir, sentimos medo, fome, raiva... somos homens....palhaço também é homem, e “homem não chora”... Principalmente o palhaço, cuja missão é fazer rir... Mas sentimos vontade de chorar sim.


Motivos para chorar nós tivemos, e quantos motivos, pois chora-se de tristeza, de felicidade, de emoção, enfim, se pararmos para pensar tudo é motivo para rir ou chorar, porque Deus criou tudo dentro da neutralidade, e nos deu o livre arbítrio para utilizar essas criações divinas para o bem ou para o mal, para rir ou chorar.

Nesses dias de caminhada nos deparamos com todo tipo de pessoas, pessoas que nos observavam... Pessoas que queriam nos ajudar e não podiam ou não sabiam como fazê-lo, pessoas que simplesmente nos ignoravam e seguiam em frente, outras nos olhavam com ar de deboche como se fossemos nada, e o que é pior, um nada desprezível, porém, nós não julgamos essas pessoas, pois elas são vítimas do dia-a-dia, da rotina, do consumismo, da ganância.

Dissemos que essas pessoas são vítimas porque muitas vezes elas nem percebem que estão vivendo dessa maneira, simplesmente vivem, muitas sem se preocupar com o próximo, pensam apenas em si mesmo, não que sejam pessoas más, são somente vítimas do sistema, esse mundo onde somos todos obrigados a nos esconder, correr até de outras pessoas, pois hoje, da forma como o mundo está, é difícil saber até quem é bom e quem é ruim, e como nós, elas também tem medo, pois o perigo que nos cerca pode estar na próxima esquina, na próxima estrada... nessa estrada que nos dispomos a enfrentar, a seguir com a cara e a coragem, e hoje sabemos o quanto fomos corajosos, pois quando os adultos, ou melhor, os mais velhos (porque nós também temos idade para sermos adultos, mas a experiência que eles têm nós não temos) falavam para não irmos em frente com nosso projeto (projetos estes que muitas vezes só nós mesmos para acreditarmos que sejam possíveis), porque era muito perigoso, nós não acreditamos, achamos que seria mais fácil, mas apesar de tudo, isso serviu como experiência, que, como nossos pais e amigos tentaram nos passar, poderemos, um dia, passar para nossos filhos, e com a graça de Deus, nada de mal nos aconteceu de verdade, porque medo e fome muitas pessoas por onde passamos vivem isso, essa triste realidade, então podemos dizer que somos abençoados, pois tivemos a oportunidade de aprender um pouco mais e a valorizar a vida.
Mas ganhamos uma recompensa, observamos o brilho no olhar de alguns e nosso coração se encheu de alegria e ânimo, pois esse olhar era pura energia que brotava do coração, comprovando o que pensamos antes, existem pessoas boas, não sabemos em que proporção, mas existem. Passar-se-ão séculos em nossas existências e esses olhares não perderão a importância e nunca os esqueceremos.

Estamos falando apenas dos adultos, pois falar de criança é muita, mas muita responsabilidade. Nós temos um amigo que diz: “Deixai vir a mim as criancinhas, pois delas é o reino dos céus”, esse nosso amigo disse isso há aproximadamente 2000 anos, então percebam a responsabilidade que é falar, ou no nosso caso, trabalhar para as crianças, temos que parar para pensar e repensar tudo que temos a fazer para não macular esse coraçõezinhos que são puros, que emitem vibrações que transformam em sorrisos, sorrisos esses que contagiam a todos os seres, por mais frio e calculista que eles sejam.





O sorriso de uma criança sempre foi e sempre será uma alavanca que nos impulsiona a pintar o rosto, a se caracterizar, e, cheios de orgulho, dizermos: somos

PALHAÇOS


sábado, 9 de janeiro de 2010



Uma aventura, uma loucura, vontade de aparecer, desejo de fazer algo diferente, viajar, novas experiências, expectativa de mostrar nosso trabalho... De ser alguém na vida, de sair do anonimato...
Não sabemos, enfim, “n” motivos nos levaram à idéia do Projeto “Dois Palhaços e seu Circo Itinerante”. Amadurecemos a idéia, buscamos recursos, encontramos dificuldades... Uns a favor, outros contra, mães super preocupadas, vêm à insegurança, caímos ao chão; a esperança é maior, estamos em pé outra vez, dificuldades, dificuldades, dificuldades, dificuldades, meu Deus, como é difícil criar, lutar, conseguir.

O tempo foi passando e a cada dia tínhamos a impressão de que nada havia sido feito, que o tempo estava contra nós, determinamos uma data, mais uma loucura, pois assim o tempo virou nosso inimigo de verdade, cada minuto era precioso, cada palavra era um incentivo e ao mesmo tempo um balde de água fria e o tempo... Esse bendito relógio que não para. Houve momentos que parecíamos duas “baratas tontas”, sem saber o que fazer e para onde ir.
As coisas foram acontecendo, o Projeto Dois Palhaços e seu Circo Itinerante, foi tomando forma, um frio na barriga e um calor no rosto nos impulsionavam, nos empurrava para frente e finalmente dia 19 de dezembro de 2009 chegou:
Pré-estréia na Praça Fernando Prestes no centro de Sorocaba, o coração pulsava forte, suávamos frio, a responsabilidade, o desejo de fazer bem feito, de agradar o público... Mãos trêmulas, dia de mostrarmos a cara e gritar para o mundo: SOMOS PALHAÇOS E NOSSA MAIOR MISSÃO É FAZER RIR. A nossa volta, o povo anônimo, cada um com seus problemas, sem entender o que dois jovens faziam espalhando bolinhas, claves, instrumentos musicais, trocando de roupa em plena praça publica e aos poucos ia surgindo dois palhaços que falavam alto jogando malabares e fazendo acrobacias... Esquecemos o texto, improvisamos, criamos novas situações, interagimos com os expectadores e no final a glória de todo artista: os aplausos, os sorrisos, os elogios, enfim, o projeto “Dois Palhaços e seu Circo Itinerante” virou realidade.



Estreamos em Sorocaba, a nossa casa, nosso quintal e com a graça de Deus tudo correu bem, mas era apenas o primeiro passo.
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Domingo, 20 de dezembro de 2009, nossas famílias com um “nó” na garganta, minha mãe, Soleide, ainda tinha esperança que eu (Vinícius) desistisse, pois, o medo da violência urbana, a insegurança em que vivemos e o fato do “passarinho sair debaixo de sua asa” a deixava muito triste e como ela mesma cantou (a música de Zezé de Camargo não lhe saia da cabeça): No dia que sai de casa minha mãe me disse, filho vem cá...
Mesmo assim caprichou no almoço e a tristeza mesclada com uma ponta de orgulho, me ajudou a arrumar a mochila, me aconselhou muito e ainda brincou: Se você morrer, eu te mato!

No final da tarde... Casa do Léo, onde a situação não era diferente, um churrasco com a família, conselhos, brincadeiras, peito apertado e a expectativa: eles vão mesmo!!!!

Meu pai me deu um livro, O Evangelho, e nos pediu para lermos um pequeno trecho, escolhido a esmo, acompanhados sempre do nosso Anjo da Guarda... Fé, palavra de apenas duas letras, porém com uma importância incrível:

“Fé (do grego: pistia e do latim: Fides= fidelidade) é a firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que depositamos neste algo ou alguém.”

Como é importante ter fé, nos deixa mais leve, mais confiante e mais perto de Deus.
Quase a noite, mesmo sob protestos dos nossos pais, pois eles insistiam para deixarmos o início da viagem para o dia seguinte bem cedo, mochila nas costas e o sonho do sucesso, demos inicio à jornada do Circo Itinerante.
Saimos da casa do Léo, próximo à Av. São Paulo e seguimos rumo a Rodovia Senador José Ermirio de Moraes, a famosa Castelinho, ligação entre Sorocaba e a Rodovia Castelo Branco, aproximadamente 12 Km separam Sorocaba da Rodovia.

Os primeiros passos, firmes, fortes, decididos, alguns quilômetros depois a molhila que pesava mais ou menos 45 Kg, já representava uma tonelada, e vamos em frente.

- Vaaamos Vinícius, phuf, phuf,phuf.
- Tô indo, ai meu Deus, tô indo.
Mais alguns quilômetros.
- Caminha Leo.
- Tô caminhando, tô caminhando... Engraçado, de carro a Castelinho parece tão pequena e a bendita carona que não aparece, phuf, phuf, phuf.

Após alguns quilômetros, percebemos que conseguir carona era um pouco mais difícil do que pensávamos e, por fim, nos deparamos com uma carona inusitada, Minha irmã (Do Leo) Liliane e meu cunhado Rogério que, por coincidência de verdade, passavam pela Castelinho indo em direção a sua casa, assim, nossa "quase carona" nos levou até um posto ali por perto, onde seria mais fácil conseguir alguém que nos levasse para longe; e assim aconteceu!


Em poucos minutos um caminhoneiro chamado Carlos, que ia em direção a Porto Feliz, nos levou até boa parte do caminho (ficamos na beira da estrada para que assim, pudéssemos acampar mais facilmente), enquanto isso, conversamos sobre várias coisas, como o porquê de ele dar carona? Seria pelo fato de gostar de conversar e, por ser a noite, ter alguém mais para lhe fazer companhia? Depois descemos na entrada de Porto Feliz e até termos montado acampamento, percebemos que não tínhamos nem água nem nada para o café da manhã, nesse momento refletimos:

- Pai e mãe é uma cáca, meu pai (Vinícius) sempre insistiu para que eu e meus irmãos fossemos escoteiros e nenhum de nós se interessou, se eu tivesse ouvido o conselho de meu pai, hoje seria mais fácil, em um grupo de escoteiros eu teria aprendido muitas técnicas de acampamento.
Sendo assim, apenas assistimos as filmagens do dia e depois de muita risada tentamos dormir.

-Leo, você já está dormindo?
-Não.
-Eu estava pensando, nossos primeiros passos estão de acordo com o projeto, pois, da sua casa até a Castelinho tem mais ou menos 4 km, nós andamos aproximadamente 12 km, do posto de gasolina até aqui são mais uns 30 km, somando assim 46 km... Estamos indo para onde o vento nos levar (de acordo com o projeto), porque estamos em Porto Feliz que é distante 28 km de minha casa, para chegar até aqui, se tivéssemos seguido pela Av. Ipanema, acabaria sendo bem mais perto, concorda?
-Claro, mas a idéia era essa mesma, vamos para onde nos oferecerem carona e aqui estamos.
-Pois é, mas vamos dormir que precisamos descansar para amanhã estarmos bem dispostos e cheios de coragem para seguirmos em frente.
-
-
- Vi, você já dormiu? Eu também estava pensando... sua casa é um sobrado...
-Sobrado não, pense que sobrado é quando sobra espaço... Quando o espaço é pouco, então é um cômodo na parte de cima.
-Que seja, mas seu quarto é em cima,  você falou em coragem, eu me lembrei daquele dia, quando apareceu um rato em seu quarto e você, cheio de coragem, conseguiu pegar o celular e acordar seus pais, que dormem no andar de baixo para virem pegar o rato, você foi muuuuito cooorajoso... E se aparecer um rato aqui na barraca, seus pais estão há aproximadamente 28 km como você mesmo disse...
-Dorme Leo, dorme.
-Mas e se aparecer...
-Leo, por falar em coragem, ou você dorme ou eu vou começar a contar histórias de assombração.
-Boa noite Vinícius.
-Boa noite Leo.

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Partimos assim que amanheceu e, novamente, em poucos minutos, conseguimos nossa segunda carona "de verdade", um rapaz de Porto Feliz, o Márcio, com o qual nos identificamos muito (já havia saído de mochileiro e tinha um gosto musical muito parecido com o nosso).
Chegando ao centro de cidade, percebemos que a mesma cidade que nos acolheu tão rapidamente era uma "Cidade em Preto e Branco" isso é, uma cidade em que não acolhe muito bem a cultura; esse foi o nome escolhido, pois acreditamos que a arte torna as coisas mais coloridas. O público de lá, nem se quer parou para assistir o espetáculo (o detalhe é que a praça estava cheia). Foi um grande baque pra uma primeira apresentação, ver tanta gente passar e nem olhar pra gente chegou a me dar a impressão de ser invisível.

Surgiu a dúvida, será que a cidade é preto e branco ou as pessoas é que são?

Ou será que a correria do dia-a-dia, a ganância, o consumismo e outros impropérios, anestesiaram a sensibilidade dos seres humanos? Não sabemos, mas nos questionamos e a dúvida permanece.













                          Saímos da cidade quase que imediatamente, foram cerda de 4 horas de caminhada sem conseguir carona (o silêncio e o mau humor reinava entre os dois palhaços); então, como que surgido de uma prece silenciosa, encontramos um rio, onde algumas crianças nadavam, ou melhor, um oásis para saciar calor e cede (a água potável que tínhamos, já havia acabado novamente, pois não há água que aguente após 4 horas de caminhada carregando uma mochila de 45 Quilos sob um sol de 33°C).

Reabastecidos de água e com os estresses apaziguados, a caminhada veio com novo ânimo e, talvez por coincidência, minutos depois nos veio mais uma carona de um rapaz chamado Beto e essa ia para Itu.

Chegando lá, mais uma decepção, não tivemos público fixo por mais de 5 minutos, era como se TODOS estivessem com muita pressa, era até triste de ver as crianças parando pra assistir e os pais as puxando pelos braços.
Mais tarde, ali por perto, enquanto eu e o Vinícius conversávamos sobre o futuro do projeto, um senhor que acompanhava a conversa, ofereceu-se para nos levar até perto de Indaiatuba (foi a nossa primeira carona oferecida e não pedida, com isso, a impressão de que tudo melhoraria) o Alemão (era assim que se intitulava) até mesmo nos pagou uma cerveja e uma ficha de bilhar (artista também é filho de Deus...).
Indaiatuba foi nosso maior trauma até então, chegando num posto onde paravam muitos caminhoneiros, pensamos que ali seria o melhor lugar para pedir carona, passamos algumas horas pedindo carona tanto no posto como na beira da estrada, até que, tarde da noite, desistimos e resolvemos montar acampamento ali mesmo, na beira da estrada, ao lado do posto.
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Acordamos com o sol e voltamos ao posto para pedir carona, novamente foram horas esperando por carona e o dia estava quente como nunca e quando finalmente conseguimos carona, com o Mateus, um frentista que nos observava fazia tempo, compadecido com a nossa causa, deu-nos 7 reais para que fossemos diretamente para Campinas (pois ele dizia que em Indaiatuba não haveria público), pensando bem, acreditamos que essa decisão foi um erro, pois de acordo com o nosso projeto, nós deveríamos nos apresentar, só assim para sabermos se Indaiatuba é uma cidade preto e branco ou colorida. Pedimos desculpas à cidade, pois se a cidade e o povo nos acolhessem bem, seriam merecedores de elogios e nós os privamos dessa oportunidade, a de ser elogiado por receber bem a arte, perdoe-nos.

Seguimos assim para Campinas, chegando lá, depois de vários conselhos, percebemos que o nosso negócio seria seguir para cidades do litoral ou do "interiorzão" mesmo, mas devido as datas festivas que se aproximavam, aconselharam-nos que fossemos até alguma praia mesmo.













                     Fizemos malabares no semáforo até conseguir completar o dinheiro para comprar uma passagem pra Santos (o destino mais barato) e no mesmo dia, em cerca de 3 horas partimos pra lá. Confesso que o ânimo melhorou muito ao saber do nosso novo destino, mas o motivo principal não era o fato de ter o mar por perto, e sim, por saber que o público seria bem maior e de mais fácil acesso.


Chegando a Santos nossa sorte começou a mudar, com as poucas moedas que nos restavam compramos pão, presunto e mussarela para fazer um lanche, nesse meio tempo arranjamos amizade com uma adolescente muito simpática chamada Julia (infelizmente não podemos colocar a foto dela, pois ela é menor de idade), a primeira pessoa que se aproximou da gente sem nenhuma forma de medo. Ela nos indicou uma praça onde acreditava ser o melhor lugar para uma apresentação, apresentamos enquanto ela filmava e a apresentação foi indiscutivelmente boa.
Logo após a apresentação, um jovem com claves nas costas disse que mais tarde haveria um encontro de malabaristas ali por perto, e veja só como é o destino, justo no momento em que a Julia teve de ir para casa, o Vinícius e eu fomos procurar o local onde os malabaristas se encontrariam, eles não estavam lá, mas exatamente ali na frente, um pessoal parou pra perguntar se éramos malabaristas e disseram que estavam precisando de "gente de circo" pra animar uma balada que eles estavam produzindo. Conversa vai, conversa vem, contamos sobre o projeto e que também seria impossível fazer a balada, pois não passaríamos novamente por Santos; não arrumamos um contato profissional, mas arrumamos amigos, passamos a noite inteira rindo e conversando sobre o projeto com os quatro (Carol, Anderson, Thiago e Barbara).



E nossa Viajem continua por aí a fora... Claro que... apesar de não termos um chuveiro... um banho de mar é SEMPRE bem vindo. E até a próxima daqui a dois dias!

Beijos

Vinícius Magueta e Leandro Paiffer

sábado, 19 de dezembro de 2009

Pré-Estréia em Sorocaba 19/12/2009

Galera essa é uma edição de um vídeo da Pré-estréia de "dois palhaços e seu circo Itinerante", no dia 19/12/2009 por volta das 10:30Hrs... um dia antes da partida.